quinta-feira, 28 de abril de 2011

Aprender

Quando aprendemos alguma coisa o fazemos por intermédio de nossos sentidos.
A qualidade do aprendizado não é a mesma dependendo do sentido aplicado ao aprendizado de determinado assunto.

De acordo com cientistas da Universidade do Sul da California nós
aprendemos:

1 % através do paladar;
1,52 % através do tato;
3,5 % através do olfato;
11,5 % através da audição;
83 % através da visão.

Todavia, retemos:

10 % do que lemos;
20 % do que escutamos;
30 % do que vemos;
50 % do que vemos e escutamos;
70 % do que ouvimos e dicutimos;
90 % do que escutamos e logo realizamos. – forma + eficaz

Então...  foque seu aprendizado na parte auditiva. Ponha em prática, em seguida, o que aprendeu.

Seria por isso as terapias funcionam? Visto que a terapia nada mais é do que você expor e verbalizar a resposta que já existe dentro do sujeito. Simplesmente se encontra, na outra pessoa, a possibilidade de falar o que incomoda; e quando se fala o que incomoda, antes que o outro diga, o sujeito mesmo se dá conta e pode agir diferente, mudando o que acha necessário.

OBS: ler muito deixa a pessoa ainda mais introspectiva; É importante praticar a comunicação!!! 

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Stand Up! Don't Stand for Homophobic Bullying

Campanha irlandesa contra o bullying homofóbico!
Lindo!

Como criar uma relação de ajuda?

Achei muito interessantes uma das questões (e não respostas!) que Carl Rogers levanta , em seu livro, Tornar-se Pessoa, acerca de como o terapeuta pode criar uma relação de ajuda:

"(...) poderei ser suficientemente forte como pessoa para ser independente do outro? Serei capaz de respeitar corajosamente meus próprios sentimentos, minhas próprias necessidades, assim como as da outra pessoa? Poderei possuir e, se for necessário, exprimir os meus próprios sentimentos como alguma coisa que propriamente me pertence e que é independente dos sentimentos do outro? Serei bastante forte na minha independência para não ficar deprimido com sua depressão, assutado com seu medo ou envolvido por sua dependência?
O meu interior será suficientemente forte para sentir que eu não sou nem destruído por sua cólera, nem absorvido por sua necessidade de dependência, nem escravizado por seu amor, mas que existo independentemente dele com sentimentos e com direitos que me são próprios?


Quando puder sentir livremente esta força de ser uma pessoa independente, então descobrirei  que posso me dedicar completamente à compreensão e à aceitação do outro porque não tenho o receio de perder a mim mesmo."


segunda-feira, 11 de abril de 2011

O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem...

João Guimarães Rosa

Como se produz a intervenção terapêutica no atelier de contos?

Por Priscila S. Scalabrin

O estágio ocorreu em um atelier de contos de uma creche da rede pública de Porto Alegre,  no segundo semestre de 2010 para 4 meninos de 4 e 6 anos de idade, os quais apresentavam “problemas de relacionamento”. O momento do atelier era composto pela recepção afetuosa das crianças, contação da história, escolha da parte que mais tenha chamado a atenção de cada uma delas e atividade lúdica (na maioria das vezes foi o desenho).

Nas observações do atelier em meio a olhares e palavras; faltas, afetos e desafetos e tantos outros elementos, percebi um desconforto quanto ao que “ganhava voz” e era elegível nas intervenções com as crianças. Surgindo, em seguida, a questão acerca de como se produz uma intervenção terapêutica que promova, de fato, o desenvolvimento saudável e integral das crianças e que seja baseada em respeito, afeto, continência e valorização das potencialidades de cada um, considerando-as sujeitos capazes, autônomos e livres.

Ferro, Winnicott, Gutfreind, Foucault e P. Freire são alguns dos autores que corroboram as ideias de que a intervenção terapêutica no atelier de contos é muito mais da ordem do encontro e da inter-relação entre a criança e o adulto, no potencial de vínculo, afeto e troca do que nos desenhos em si e suas interpretações, nas mensagens que os contos carregam ou no cumprimento de regras.  Objetivamente, a intervenção terapêutica precisa oferecer  escuta aberta e livre de julgamentos prévios a respeito do que as crianças sabem, pensam e gostam; permitir a emergência de novas maneiras de experimentação da vida através do brincar; provocar a expressão das experiências e vivências da criança; permitir a criação de novos modos de “ser e fazer” do atelier para além da lógica da sociedade de controle e disciplina; entre outros.

[Resumo do meu Projeto de Intervenção 2010/2]

sábado, 2 de abril de 2011

Esquecemos o mel

Carbolitium

Estava pesquisando a respeito do medicamento "Carbolitium" e achei o seguinte no site da Anvisa:

"AÇÃO ESPERADA DO MEDICAMENTO
O Carbolitium CR® (carbonato de lítio) é indicado no tratamento de episódios maníacos nos transtornos bipolares; no tratamento de manutenção de indivíduos com transtorno bipolar, diminuindo a freqüência dos episódios maníacos e a intensidade destes quadros; na profilaxia da mania recorrente; prevenção da fase
depressiva e tratamento de hiperatividade psicomotora. 





Na ação clínica do lítio, salientam-se as seguintes características" (citarei apenas algumas delas):
b) Ausência de qualquer efeito narcótico ou hipnótico;
Narcótico = que faz adormecer, entorpecedor, que elimina a sensibilidade;

Hipnótico = capaz de induzir o sono; Estado de sono artificial ou transe provocado em pessoas sensíveis ou sugestionáveis;

Interessante essas informações terem sido colocadas nas "ações esperadas" do Carbolitium, não?!?! Primeiro, porque adormecimento e entorpecimento são coisas NÃO esperadas (deveriam estar alocadas nas reações adversas! Interessante notar que a parte das reações adversas está escrito em formato de um texto extenso e "chato", minado de termos técnicos dificultando a leitura do leigo). 

O outro ponto, é que alguém que quer "equilibrar" seu estado de humor certamente não deseja dormir e nem entrar num estado de transe, certo? É algo óbvio demais!
Entao, por que colocar isso na ação esperada?? Não seria justamente porque a maioria dos medicamentos psiquiátricos servem para amortecer e anestesiar as pessoas? E acabam por torná-las apáticas e domesticadas?


d) Possibilidade de completo retorno à vida anterior, ativa e útil; 

Essa afirmação é a mais cartesiana e biomédica possível! Fica ainda mais compreensível o senso-comum do dizer "Quero voltar a ser como eu era antes!". Onde começa e onde termina esses saberes instituídos e automatizados?! 

Fonte: www4.anvisa.gov.br/base/visadoc/.../BM%5B25584-1-0%5D.PDF




F. Capra, em seu livro "O Ponto de Mutação" defende que essa medicalização e mecanização do ser humano (concerta a parte estragada - a doença - e a máquina voltará a funcionar exatamente como estava antes do "sinistro") são apenas um dos aspectos do modelo biomédico; e esse modelo, por sua vez, é apenas uma das sérias questões da profunda crise que estamos passando enquanto sociedade. 

Além do modelo biomédico, Capra apontas diversos aspectos, tais como:
* absurdo gasto no investimento militar em armas nucleares, enquanto mais de 15 milhões de seres humanos, em sua maioria crianças, morrem de fome, anulamente; 
* o mundo industrial que segue construindo usinas nucleares enquanto já é sabido que a energia nuclear não é segura, nem limpa e nem barata, e que os elementos radioativos liberados por explosões e vazamentos de reatores colocam toda a Terra em risco pela acumulação de substâncias tóxicas no ar que respiramos, nos alimentos que comemos, na água que bebemos e nos riscos de câncer e doenças genéticas ( o desastre ocorrido no  Japão recentemente - 11/03/2011 fala por si); 
* a grave deteriorização do meio ambiente pela superpopulação e tecnologia industrial ( além do, consumismo e produção de lixo - observações minhas);
* nossa saúde também é ameaçada pela água e alimentos contaminados por grande variedade de produtos químicos;
* as doenças nutricionais e infecciosas que são as maiores responsáveis pela morte no "Terceiro Mundo"; e as doenças crônicas e degenerativas - doenças da civilização - sobretudo enfermidades cardíacas, o cancêr e o derrame nos países de "Primeiro Mundo"; afora as enfermidades "psi" como depressão, patologias do vazio, distúrbios de comportamento parecem "brotar" do meio ambiente social;
* anomalias econômicas que principais economistas e políticos não conseguem dar conta: inflação galopante, desemprego maciço, distribuição grosseiramente desigual etc;
* o "armário das ideias está vazio", referindo-se ao pensamento acadêmico;

Para o autor, a metodologia fragmentada, atualmente utilizada nas academias e organismos governamentais, já não consegue resolver a crise, a medida que os problemas são sistêmicos, ou seja, são interrelacionais e interdependentes. Trata-se de uma rede complexa de relações sociais e ecológicas que precisa de transformações profundas que deverão passar pelas nossas instituições sociais, valores e ideias.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Livro: As Três Ecologias de F. Guattari - destacando um aspecto

O auto afirma que a Psicanálise, em sua prática, tende a produzir intervenções empobrecidas e conduz a estereótipos rígidos que impedem qualquer singularidade do paciente. Além disso, para ele a prática “psi” deveria ser sempre reinventada, ao invés de entrar na repetição. Entendo que essa “repetição” se refere às “sempre iguais” interpretações do analista para diferentes sujeitos. Um exemplo disso, são os "atelieres" de contos nos quais, após cada contação da história, solicita-se que as crianças façam um desenho. Uma delas que tenha sofrido violência sexual, os terapeutas que trabalham com a Psicanálise ao examinarem o desenho, prontamente identificam os formatos fálicos. Os desenhos pdoem ser ricos em cor e diversidade de “coisas” e a criança tão pouco falou sobre qualquer significado/sentido que ela própria tenha dado, e o que, frequentemente, impera é uma espécie de “voracidade interpretativa”. Me parece que, na prática “psi”, é mais fácil “agarrar-se” ao conhecimento pronto (às teorias), ao invés de permitir a aparição do “invisível”, do “mundo desconhecido” que cada pessoa é. Cada paciente, ou melhor, cada encontro com um (mesmo) paciente é um completo mistério; é algo como tatear no escuro. Entretanto, esse mistério não é para ser justamente o que nos apaixona na profissão? Então porque necessitamos nos “proteger” tanto com a teoria?



O autor discute a capacidade de sair do concreto e abrir-se para novas perspectivas, novas ideias e criar alternativas – isso vale tanto para a prática “psi” quanto para o próprio sujeito que está em terapia. Se nós, enquanto psicólogos, não acreditamos na possibilidade de criar novas possibilidades, como poderemos pensar em cura? Se ficamos sempre retornando ao velho e conhecido caminho já trilhado dos livros?  Não pretendo, de maneira nenhuma, reduzir a importância dos mais variados estudos e teorias das diversas áreas da Psicologia, mas a questão refere-se ao benefício real que a teoria possibilita em detrimento de não nos tornarmos capazes de olhar para as questões específicas e singulares daquele sujeito. Acredito que é imprescindível permitirmo-nos trabalhar com o paciente NA relação terapêutica, pelo que os dois juntos podem fazer acontecer (e CRIAR) e, só a partir daí, buscar apoio e, inclusive, outras possibilidades, na teoria. Do contrário, seguiremos na lógica de que a saúde (ou a “melhora” que o paciente veio buscar)  é, simples e tristemente, “retonar ao estado de saúde anterior”?



Esse “modelo” dicotômico, esses Territórios fechados em si, finitos, finitizados inerentes à atualidade foi duramente criticado por Guattari nesse livro, a medida que eles podem servir para a opressão e domesticação: “é essa abertura práxica que constitui a essência desta arte da “eco” [ecosofia – as 3 ecologias] subsumindo todas as maneiras de domesticar os Territórios existenciais, sejam eles concernentes a maneiras íntimas de ser, ao corpo, ao meio ambiente ou a grandes conjuntos contextuais relativos á etnia, à nação ou mesmo aos direitos gerais da humanidade.”

Síntese reflexiva sobre AS TRÊS ECOLOGIAS e o documentário A HISTÓRIA DAS COISAS!!!

Começo minha reflexão a partir da frase de uma música: “... assim caminha a humanidade...”, ilustrada muito bem no documentário a “História das coisas” e no texto de Guatarri, “As três ecologias”. O segundo mostrando a sua indignação diante de um mundo que vem se deteriorando lentamente, através dos desequilíbrios ecológicos, onde acidentes químicos e nucleares têm sido comum, basta trazer para nossa realidade atual, digo atualíssima, pois estamos acompanhando a destruição no Japão causado por um terremoto seguido de um tsunami, que deixou milhares de mortos e desaparecidos e uma ameaça constante de um acidente nuclear, uma ironia do destino? Uma resposta da natureza! A quem dizia ser um país preparado para enfrentar esse tipo de desastre ambiental.
Ao mesmo tempo em que vemos tantas tecnologias, inovações e um mundo de descobertas na área da saúde, como a cura de certas doenças, pessoas ainda morrem de tuberculose, de fome; morrem por causas que poderiam ser facilmente controladas sem grande descobertas. Guattari diz que se esses fenômenos não forem tratados, a vida do homem no planeta esta ameaçada. O autor também fala da vida social do ser humano que tem se deteriorado, que as redes de parentesco são reduzidas a cada dia, pois ninguém tem mais tempo para nada, agendas lotadas, compromissos infindáveis, e mais uma vez a tecnologia atravessando as relações, não se tem “tempo” de encontrar as pessoas, tudo bem! Tem o celular, o MSN, Orkut; a convivência das famílias já não é mais a mesma, por mais que estejam todos em casa, ninguém mais senta para conversar, saber da vida do outro, até mesmo dentro de casa somos “controlados” pelo mundo do consumo e pela mídia, que nos prende diante da televisão ou do computador. Guattari fala da articulação ético-político sobre as três ecologias entre as três ecologias, o meio ambiente, as relações sociais e a subjetividade humana, sendo a relação, o que ele chama de ecosofia.
No documentário, a “História das coisas” vimos o consumismo desenfreado da sociedade, que pensando somente no seu bem estar, na praticidade, no comodismo, e esquecendo do mais importante, o meio ambiente, o mundo em que vivemos, que pede socorro, pois nossas matas estão sendo destruídas diariamente, poluição e consumo exagerado da água, me pergunto o que será do nosso planeta?
Criamos uma sociedade de consumistas, onde o “consumir” parece ser o verbo mais conjugado entre as pessoas, que iludidas e também “compradas” por uma grande massa chama mídia, vive num mundo em que o lema é ter e ter mais, uma busca incessante pela satisfação do desejo. Pensar em modos de vida diferente parece um desafio, mas tenhamos que fazer o quanto antes, se ainda quisermos viver num planeta, que apesar de castigado, ainda nos oferece água e ar para viver.
“Será vergonhoso para a humanidade se algum dia descobrirmos um outro planeta habitado por seres vivos”.
Ai sim!
Descobriremos a maneira correta de cuidar do nosso “lar” no universo!

Psicólogos atuantes no Sistema Prisional criticam realização dos exames

Os especialistas Pedro Paulo Bicalho, Cristina Rauter e Márcia Badaró abordaram a 

questão em encontros promovidos no CRPRS


Viés ético

Em palestra promovida no dia 24 de novembro no CRPRS, o psicólogo e professor do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro Pedro Paulo Bicalho assinalou a necessidade de a discussão sobre os exames criminológicos não se dar pelo viés técnico. 
“Na verdade, quando abordamos o exame criminológico, nós precisamos colocar esta discussão não como uma discussão técnica, mas precisamos debater a existência do exame criminológico pelo viés político, éticoe epistemológico”, ressaltou. Para o psicólogo, o problema do exame criminológico não é a ausência de  caráter científico do instrumento: “A questão é que não entendemos como ética esta relação de poder que é articulada quando a Psicologia tenta produzir algum tipo de prognóstico sobre o apenado”.
O profissional criticou o Poder Judiciário por repassar a responsabilidade pelo julgamento aos psicólogos. “Grande parte dos juízes acredita que a principal função dos psicólogos no Sistema Prisional é a realização desses exames, mas ignora-se a possibilidade de outros posicionamentos, como o acompanhamento e a promoção da saúde dentro daquele espaço”, afirmou. Além das ressalvas apresentadas à realização dos exames, Bicalho também mostrou preocupação com o lugar do Sistema Prisional no contexto das Políticas Públicas. “O grande problema é achar que as políticas públicas do sistema prisional são as políticas públicas de prisão. Pelo contrário, as políticas públicas de educação, de saúde, de desenvolvimento, todas também devem atentar para o Sistema Prisional. A prisão não pode ser uma política pública à parte”, alertou. 

Outras possibilidades para a Psicologia

As psicólogas Márcia Badaró e Cristina Rauter participaram como palestrantes no Fórum Regional Desafios para a Resolução sobre a atuação do psicólogo no sistema prisional, que ocorreu em 5 de novembro na sede do Conselho.
Márcia contextualizou o processo de construção da Resolução nº 009/2010. “A regulamentação foi resultado da demanda de grande parte da categoria, em um trabalho que se estendeu pelos últimos 10 anos”, ressaltou. A psicóloga explicou que os psicólogos devem ter a autonomia para decidir sobre o seu exercício profissional. “O sistema de justiça penal está baseado no exame criminológico. Em vez de reforçar a lógica punitiva, o que a Psicologia pode oferecer em termos de tratamento para aqueles indivíduos?”, questionou. Cristina Rauter, com experiência profissional e acadêmica na área de Psicologia Jurídica, questionou as expectativas depositadas sobre o exame criminológico. “O exame visa a prever se o apenado voltará a cometer algum delito. Será que mistificações e preconceitos que atravessam toda a sociedade não acabam se reproduzindo neste espaço revestidos por uma roupagem científica?”, perguntou. 

Fonte: Revista Entre Linhas (CRP/RS) http://www.crprs.org.br/upload/edicao/arquivo44.pdf