"(...) e partindo de um pressuposto de que são sujeitos, pulsionais, que podem e precisam fazer escolhas, segundo o seu desejo, como responder à pergunta: por que abrem mão de sua subjetividade, na escolha da direção a tomar, qual é o seu gozo nisto?
Poderíamos responder: o gozo é o de pertencer [a um semblante de saber], saída da solidão; o gozo é o de não escolher, e o de não escolher errado, de não ter dúvidas, ambivalências, incertezas do querer, responsabilidades sobre os próprios atos, culpas; o gozo é o de compartilhar uma paixão, uma verdade absoluta com outros, tão mais verdadeira quanto maior for o número de búfalos que aderirem à manada, uma "verdade" tão incontestá-vel que nem os desfechos trágicos a colocarão à prova. Ou seja: o gozo é o de não se defrontarem com sua incompletude, sua falta: a falta de um significante que lhes ensine o modo "correto" de agir, em busca da felicidade"
(...) A primeira tarefa do psicólogo (escolar), dentro do referencial MACRO,
é a análise clínica-institucional-edúcacional-organizacional do MICRO-COLETIVO SOCIAL da instituição-concreta escolares, processo contínuo e ininterrupto,inseparável da ação.
CLARA sobre o coletivo e seus movimentos, uma apreensão mais global, uma
leitura. Podemos dizer, então, que já temos o diagnóstico do coletivo? Na realidade,ainda não o temos. (...) penso, jamais se encerra, pela riqueza quase infinita das relações deste universo, (...) temos ação, diagnóstico, ação, diagnóstico, ação,ação, ação, ação, DIAGNÓSTICO, ação ...
Ou seja: diagnóstico e ação inseparavelmente juntos, um determinando o outro a cada momento. (...)
Não entendo, então, que o psicólogo escolar, quando de sua entrada no coletivo, diante das solicitações de ajuda que lhe são feitas, possa dizer que só poderá agir após à conclusão de seu diagnóstico. Neste ponto, entretanto, precisa ficar bem claro que eu não estou dizendo que seria correto tecnicamente entrar na ansiedade do coletivo, para soluções mágicas, "socorrendo-o" atabalhoadamente,- numa posição salvadora, nem tampouco ignorar que muitos pedidos de ajuda para esta ou aquela situação têm por objetivo deslocar a atenção do psicólogo de questões que se quer ocultar. Estou falando apenas que a ação e diagnóstico são inseparáveis. Um determinando o outro a cada momento. E que ouvir as queixas do coletivo já é uma ação, contanto que este ouvir não seja o mesmo de um gravador, que apenas registra e nada interpõe, questiona. E que a ação sobre áreas emergenciais é muito rica para a coleta de dados diagnósticos."
EUNICE VERÇOSA ROCHA DELAMÔNICA
http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/8905/000061159.pdf?sequence=1
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